Quarto dia de agenda – Bonito

O  dia 19 de julho, quarto e último dia de
agenda, iniciou-se por passagem no posto de atendimento do Sebrae em Bonito e visita
ao Instituo Família Legal. Criado em 2003, o projeto funciona em espaço adquirido
e reformado por associação de moradores locais. Nasceu inicialmente com foco em
crianças vulneráveis, muitas delas propensas a pedir esmola na rua por conta do
turismo na cidade. O projeto ganhou rumo ainda maior em 2006, com a liderança
local para candidatura a um edital da Petrobras, propondo que  as mães das crianças atendidas
reaproveitassem materiais como a calça jeans para a produção de bens como
bolsas e acessórios que remetessem a cultura e natureza pantaneira. O projeto
foi selecionado e  recebeu recurso a
fundo perdido da Petrobras. Além disso, um dos membros do edital pertencia aos
Correios e 
propôs a reutilização de malotes da instituição (que tem grande
rotatividade, cerca de 1 ano, e que antes eram incinerados) como matéria prima.
Hoje além do atendimento a crianças com atividades como aulas de informática,
esportes e educação ambiental, o Instituto Família Legal produz bolsas e
acessórios a partir de malotes dos Correios e também do Banco do Brasil. Além
da Petrobras outras instituições apoiam a iniciativa, a exemplo do Sebrae MS,
que levou designer ao Instituto, criando moldes (que ficam pendurados nas
paredes do Instituto e podem ser utilizados por qualquer pessoa da comunidade,
que também recebbe apoio para sua capacitação) e ajudando no fortalecimento da
marca. Em conversa com a colaboradora  Priscila
do instituto, a delegação pode conhecer mais detalhes sobre o processo
produtivo, vendas e marca, como:

§  Todo produto contém um selo que informa a
origem de sua matéria prima (como por exemplo, os malotes dos Correios), forma
de valorizar o caráter sustentável da produção e vincular esta imagem a
instituição que doa o material;

§  Todo produto possui desenho em tecido de
animais da região pantaneira, seja como peça central ou detalhe como chaveiro,
incluindo-se araras, tucanos, peixes, etc. 
Esta é uma forma de criar identidade regional à marca;

§  As artesãs são remuneradas pelo que produzem:
70% do valor vendido fica com ela e o restante auxilia na manutenção do
Instituto, que não tem fins lucrativos;

§  As vendas iniciaram-se inicialmente em caráter
local, além da venda direta no espaço do Instituto pontos como hotéis, lojas no
centro da cidade e parques começaram a encomendar produtos para revenda. Como
Bonito é uma região muito turística, visitantes de fora começaram a fazer
encomendas e isso ajudou no acesso a mercados de outros estados. Cabe destacar
que o Sebrae apoia a participação em feiras e rodadas de negócio. Hoje cerca de
50% dos pedidos vem de vendas para estas ações de maior escala (como para
congressos, brindes corporativos, eventos etc.) e 50% para vendas na região.

 O Instituto possui
blog no qual é possível conhecer mais sobre as iniciativas desenvolvidas:
http://familialegal-bonitoms.blogspot.com.br/

Com o fim das
atividades previstas, a delegação regressou a Campo Grande no período da tarde(cerca
de 4h30 de viagem). A noite, em caráter informal, todos se reuniram para
conversar sobre lições aprendidas durante a missão e ideias para próximos
passos, tanto para estreitar a cooperação entre Sebrae e Chile como para
estimular a ideia de negócio proposta pelos estudantes, com foco na
sustentabilidade do empreendimento. Com o subsídio financeiro obtido pelos
estudantes como parte da premiação, os vencedores adquiriam os materiais
necessários para iniciar o processo produtivo. A equipe já possui o conhecimento
e técnicas para curtir e tingir o couro, obtido pelo diálogo com artesãos e
pescadores de outras regiões no Chile. Todavia, ainda há muitas possibilidades
para aprendizado com o Brasil. Em Corumbá há um projeto que utiliza couro de
peixes locais no artesanato mas que atualmente encontra-se fechado, devendo
retornar as atividades ainda este ano. Este grupo já possui anos de experiência
e pode compartilhar seu aprendizado em questões como gestão dos resíduos da
produção e a utilização de equipamentos que permitem ganhos de escala no
processo de curtimento.

Terceiro dia de agenda – Jardim e Bonito

A agenda do dia 18 de julho, quinta-feira, contou com atividades
a fim de se conhecer a natureza local, atrativo forte do MS.  Como foi observado nas visitas anteriores, características
da fauna e flora, bem como aspectos culturais da região, são incorporados ao
artesanato sul-mato-grossende, agregando valor ao que é produzido e
diferenciando-o de outros estados. Assim, a observação e vivência de traços tangíveis
e intangíveis do MS e sua reflexão nas obras de projetos de artesanato possibilita
importantes aprendizados para replicação no Chile.

Pela manhã a delegação visitou o Balneário de Jardim,
local que reúne pássaros, peixes e árvores muitas vezes recuperados no
artesanato que a delegação conheceu nos dias  anteriores. Em seguida, viajou por cerca de 1
hora até a cidade de Bonito. Pela tarde, visitou a Nascente Azul, local onde se
encontra a nascente do rio Bonito e é possível realizar mergulho e flutuação,
observando-se peixeis locais como pacús, piraputangas e dourados. Tal
experiência foi muito proveitosa especialmente para o estudante Alvaro Madrid,
que é de família de mergulhadores e que realiza pesca por arpão, meio pelo qual
ele e a estudante Maria Muñoz irão obter a matéria prima para sua ideia de
negócios.

Segundo dia de agenda – Jardins

Pela manhã a delegação viajou para a cidade de Jardins, localizada a cerca de 250 km da capital do estado, Campo Grande. Ao chegar, foi recepcionada pelo empresário e secretário de desenvolvimento da cidade David Ojeda.

A história de desenvolvimento do artesanato da região está muito relacionada com a atuação do Sebrae. Há 12 anos atrás, a consultora Patrícia Caldas, do Sebrae MS, foi convidada pela prefeitura de Jardins para realizar um diagnóstico do artesanato local. A atividade era ainda muito caracterizada pelo trabalho manual, que não se diferenciava ou criava uma identidade cultural. Durante palestra com 80 artesões da cidade, questionou qual era a matéria prima disponível na região,o que a fez descobrir a grande disponibilidade de carne de boi e, especialmente, seu osso. Já conhecendo o trabalho de uma artesã de Aquidauana com o osso de boi e por meio do apoio do Sebrae, convidou-a para ensinar artesãos de Jardins na preparação e manejo do osso e posteriormente chamou designer italiano para propor o desenho de utensílios, tais como espetos para churrasco, talheres e móveis, que combinavam o uso de madeira e osso bovino. Hoje um importante resultado deste esforço é o projeto Mãos a Obra, que ganhou o Prêmio Sebrae TOP 100 de artesanato, destacando-se como uma das 100 unidades produtivas mais competitivas no segmento no país. A matéria prima – o osso bovino – é obtida pela doação de frigoríficos e açougues da região, recolhida por um colaborador de bicicleta. O osso é guardado em frigorífico e a partir dele se extraem diversos recursos: a gordura é utilizada na produção de sabão para a própria lavagem do osso ou ainda para venda, considerando suas ricas propriedades; a parte interna do osso, rica em tutano, é utilizada para produção de doces como a geleia de mocotó; e o osso em si passa por etapas de preparação como a fervura e lixamento para então servir como matéria prima para o artesanato. Hoje o projeto envolve 8 pessoas e depende principalmente de grandes encomendas para lojistas e brindes corporativos. Para promover suas vendas, conta com site na internet, participa das maiores feiras de artesanato do país e de rodadas de negócios.No Brasil não há outros lugares que aplicam o osso de boi no artesanato, o que garante uma posição de mercado competitiva à empresa.Ao final da visita ao projeto Mãos a Obra, a delegação pode vivenciar um ritual típico da região: o tererê.Em seguida, visitou as instalações da futura Escola do Artesão, iniciativa que recebeu recursos do governo federal via SUDECO e que visa ser um centro de referência no ensino profissionalizante de artesanato. No terreno do lado será construído Escola Técnica para estudantes que já terminaram o ensino médio. A escola de artesanato será uma extensão desta.
A noite os chilenos contaram com uma mostra da receptividade da comunidade local e puderam conhecer melhor a cultura regional sul-mato-grossense ao ser oferecido um churrasco com importantes membros da cidade de Jardins, tais como a prefeita Cláudia Barbosa e outros membros da prefeitura e empresários.

Primeiro dia de agenda – Campo Grande

Pela manhã a delegação foi ao Sebrae MS e recebeu as boas vindas da diretoria. O momento foi oportuno para apresentar o Sebrae e sua atuação sistêmica, bem como para conhecer melhor a missão, estrutura e atividades promovidas pela Fundación del Río Arteaga e o projeto dos alunos premiados na Competição de Empreendimentos. Ainda pela manhã, a diretoria e alunos participantes de programas da Junior Achievement compartilharam suas experiências na promoção do empreendedorismo jovem e a consultora Patrícia, que atua na carteira de artesanato do Sebrae MS, apresentou iniciativas desenvolvidas, como pesquisa de iconografia do MS e sua aplicação junto aos artesãos, ajudando a agregar valor ao artesanato e valorizar a atividade como um negócio.

A agenda do período da tarde contou com visita À Fundação de Cultura do MS, instituição governamental que tem atuação complementar ao Sebrae na promoção do artesanato no estado. Enquanto Sebrae desenvolve iniciativas para capacitação em gestão e design junto aos artesãos, a Fundação foca-se no registro e formalização dos artesãos, por meio de carteirinha, e em sua qualificação. Após a visita, a delegação conheceu a Casa do Artesão,que reúne produtos dos artesãos registrados. Ainda no mesmo período, conversou com a criadora  e micro empreendedora  do projeto “Campo Grande a Tiracolo”, que fabrica bolsas e acessórios a partir de materiais reciclados, tais como malotes de banco, dos correios, lonas, toldos, etc. A iniciativa inovadora e sustentável também tem um papel social ao dar oportunidades para comunidade local.

Visita ao escritório SEBRAE/MS marca o início da missão de jovens empreendedores chilenos ao Brasil

Na semana de 15 a 19 de julho de 2013 o Sebrae recebe missão chilena no estado do Mato Grosso do Sul.

A missão foi organizada por meio da parceria existente entre o Sebrae e o Sercotec, instituição congênere que apóia os pequenos negócios no Chile, com o objetivo de receber no Brasil uma delegação formada por cinco chilenos associados ao tema empreendedorismo.
São dois jovens empreendedores que cursam o ensino técnico ligado ao tema aquicultura na região de Coquimbo-Chile (Alvaro Madrid e María Munõz), sua professora (Marcela Mettifogo), o diretor executivo da Fundación Del Río Arteaga, que apoia o empreendedorismo da região, (Eduardo Santander) e uma representante do diretório e membro da família que criou a Fundação (Mariana Del Río).
A Fundação realiza uma série de trabalhos de apoio ao empreendedorismo na região de Coquimbo. Dentre eles, uma premiação anual para jovens do ensino técnico que apresentam iniciativas empreendedoras por meio de um plano de negócios para a criação de uma empresa.
No ano de 2012, os jovens vencedores foram o Alvaro e a Maria, que desenvolveram um plano para uma empresa de produção de couro de peixe como matéria-prima para o artesanato local. Após vencerem o concurso com o melhor plano de negócios apresentado, ganharam um montante de $ 2 mil dólares para iniciares seus negócios e uma missão ao Brasil para conhecerem o trabalho do Sebrae no apoio ao empreendedorismo, com foco no setor de artesanato.
Pelo destaque nos projetos do setor e pelas características naturais da região, foi escolhido como destino da missão o estado do MS, incluindo agendas em Campo Grande, Jardim e Bonito.