Pagamento Móvel – acesso a serviços financieros pelo celular

Solução que está revolucionando o acesso a serviços financeiros por parte da população queniana especialmente de camadas mais pobres e de áreas isoladas

De acordo com o Banco Mundial, existem no mundo mais de 2 bilhões de pessoas que têm acesso a celular mas não possuem conta bancária. Experiência bem sucedida mostra que o dinheiro móvel (mobile money) pode ser solução atrativa para este público.

No Quênia, modelo de negócio inovador está revolucionando o acesso a serviços financeiros da população, especialmente de camadas mais pobres e de áreas isoladas. A iniciativa inovadora se chama M-Pesa (“M” para móvel e “Pesa” para dinheiro em Suaíli).

A interface desenvolvida pela operadora de telefonia Vodafone, por meio da sua filial Safaricom, funciona em qualquer celular e permite que os clientes cadastrados troquem dinheiro em espécie por dinheiro virtual (e-float).

Nome: M-Pesa

Proponente: Safaricom

Setor/Segmento: Comunicação

Contexto Geográfico: Quênia

Referência Temporal: desde 2012

Em 2000, aconteceram reformas em prol do setor das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), tais como melhorias na infraestrutura, políticas públicas favoráveis e setor privado ativo e inovador. Essas mudanças reduziram o custo de acesso à internet e promoveram o desenvolvimento do mercado de celulares no Quênia. Existem 74 celulares para cada 100 quenianos e cerca de 99% das contas de internet estão vinculadas a aparelhos celulares. O Banco Mundial estima que o setor de TIC cresceu 20% a.a. desde 2000, adicionando 1% a.a. ao crescimento do PIB queniano.

A operadora de telefonia Safaricom estabeleceu parcerias com pequenos comerciantes que já vendiam cartões de recarga de celulares para atuarem como agentes de dinheiro virtual.

Em 2010, havia mais de 17 mil varejistas que assinaram como agentes M-Pesa, número superior às 840 instituições bancárias do país. A receita da Safaricom com o M-Pesa é originária de tarifas para transações quando clientes retiram ou transferem dinheiro na rede de agentes.

O sistema conseguiu chegar onde os bancos não chegam, tendo rápida e ampla adesão (cerca de 19 milhões de assinantes em 2013). Seu sucesso é atribuído ao uso de tecnologias adaptadas à realidade local, modelo de marketing simples, parcerias com bancos e apoio dos reguladores. Um dos desafios logísticos do modelo é gerenciar a liquidez dos agentes e equilibrar as diferenças de oferta e demanda por dinheiro físico e dinheiro móvil (e-float) nas zonas rurais e urbanas.

No Brasil, o Relatório da Corporação Financeira Internacional (IFC – International Finance Corporation) de 2011 indica a existência de elevada taxa de penetração de celulares (101%), mas população bancarizada ainda baixa (43%). Geograficamente, a utilização de serviços financeiros é desigual e há forte migração regional que implica em envio doméstico de remessas. Tais fatores, somados ao crescimento da classe média, apontam para o uso de celulares como canal relevante para expansão de instrumentos financeiros, tanto em zonas urbanas como em regiões pouco atendidas.

Em termos regulatórios, o Banco Central do Quênia adotou papel de deixar a regulação seguir a inovação, estabelecendo poucos requerimentos para que os agentes entrassem no mercado de sistemas de pagamento via celular. No Brasil ainda não há regulação para sistemas pré-pagos não bancários, sendo necessário consolidar marco normativo no setor para a expansão do segmento.