O artigo elaborado pelos professores Stuart L. Hart e C.K. Prahalad forneceu a primeira articulação de como os negócios poderiam lucrativamente servir as necessidades dos 4 bilhões de pobres no mundo em desenvolvimento. Trata-se de um modelo novo para combater a pobreza e que chamou a atenção das grandes corporações multinacionais para o poder de compra da base da pirâmide. Segundo os autores, o pobre pode ser um mercado muito lucrativo – especialmente se as multinacionais mudarem seus modelos de negócio.
A desigualdade extrema de distribuição da riqueza mundial reforça a visão de que os pobres não podem participar da economia de mercado, apesar de constituírem a maioria da população. Em realidade, dada a sua enorme dimensão, a base da pirâmide representa um mercado multitrilionário. De acordo com projeções do Banco Mundial, a população na parte inferior da pirâmide pode chegar a mais de 6 bilhões de pessoas nos próximos 40 anos.
A maioria das empresas descarta automaticamente a base da pirâmide, porque avalia o mercado com base no lucro ou seleções de produtos e serviços adequados para os países desenvolvidos. A percepção de que a base da pirâmide não é um mercado viável também não leva em conta a crescente importância da economia informal entre os pobres. Segundo algumas estimativas, a informalidade é responsável por 40 a 60 por cento de toda a atividade econômica nos países em desenvolvimento.
Para apreciar o potencial desse mercado, as multinacionais devem rever um conjunto de pressupostos e práticas fundamentais que influenciam suas suposições sobre os países em desenvolvimento. As multinacionais têm de reconhecer que este mercado representa um novo e importante desafio: como combinar baixo custo, boa qualidade, sustentabilidade e rentabilidade.
O pressuposto de partida deve ser que servir a base da pirâmide envolve reunir o melhor da tecnologia e uma base de recursos globais para enfrentar condições do mercado local. Produtos baratos e de baixa qualidade não são o objetivo.
Quatro ações são fundamentais para um próspero mercado da base da pirâmide: criar o poder de compra, dar forma às aspirações, melhorar o acesso e customizar soluções locais.
Hart e Prahalad defendem ainda que os países que ainda não têm a infraestrutura moderna ou produtos para atender às necessidades humanas básicas são um campo de testes ideal para o desenvolvimento de tecnologias e produtos ambientalmente sustentáveis para o mundo inteiro.
Fazer negócios com as pessoas mais pobres do mundo – dois terços da população mundial – exige inovações radicais em tecnologia, nos modelos de negócio e nas relações de preço e desempenho para produtos e serviços.
Serviço
Publicação: A Riqueza na Base da Pirâmide
Autores: Stuart L. Hart e C.K. Prahalad
Ano:2001