A Agência Suíça para o Desenvolvimento e Cooperação (SDC) é uma agência da administração federal da Suíça que faz parte do Departamento Federal dos Negócios Estrangeiros. Um de seus focos de atuação é a contribuição regional, auxiliando na redução da pobreza em 20 países e regiões pobres da África, América Latina e Ásia. Um dos projetos que a SDC financia é um projeto de aperfeiçoamento de uma tecnologia de queima de tijolos na África do Sul.
A África do Sul tem enfrentado uma grave crise financeira, que afeta significativamente o setor da construção. Desde o início da crise, a produção de tijolos de barro foi reduzida pela metade e as margens de lucro dos produtores praticamente desapareceram. Além disso, o processo produtivo atual produz grandes emissões de gases de efeito estufa devido à utilização de sistemas de queima velhos e energeticamente ineficientes. Dessa forma, novos regulamentos ambientais em breve podem impor o fornecimento de métodos de queima de tijolos mais sustentáveis e mais eficientes em termos energéticos.
Para resolver este problema, a SDC está apoiando a transferência de tecnologia do Eixo Vertical Shaft Brick Kiln (VSBK). Esta tecnologia eficiente em termos de energia reduz consideravelmente o consumo de carvão e reduz as emissões de CO2 pela metade. O projeto VSBK está facilitando o acesso aos “fundos verdes” e ao mercado do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). O projeto apoiou o desenvolvimento e registro de um programa de atividades que vão gerar Reduções Certificadas de Emissões para serem vendidas no mercado de MDL.
Prática: Vertical Shaft Brick Kiln (VSBK)
Instituições:
- Proponente: SDC – Swiss Agency for Development and Cooperation (Agência Suiça para Desenvolvimento e Cooperação)
- Executora: VSBK – Vertical Shaft Brick Kiln (Fornos de Tijolos com Eixo Vertical)
- Parceira(s): Swisscontact (Swiss Foundation for Technical Co-operation); SKAT(Swiss Resource Centre and Consultancies for Development).
Público-alvo: Fábricas de tijolos na África do Sul
Escopo Geográfico: África do Sul
Referência Temporal:
Iniciado em 2013.
A África do Sul é o 13º país no índice de emissão de CO2 no mundo, com uma emissão per capita de 8,9 toneladas. Isto se deve principalmente à sua economia altamente baseada no carvão. O Governo Sul-Africano, durante a conferência de clima em Durban o COP17, se comprometeu a reduzir as emissões em 34% até 2020, em relação aos negócios de sempre.
Dessa forma, o SDC resolveu financiar o projeto, com o objetivo principal de introduzir e difundir a tecnologia de queima de tijolo VSBK como uma alternativa viável e sustentável que traz muitos impactos positivos do ponto de vista econômico, ambiental e social.
Este projeto faz parte do Programa de Fortalecimento de Eficiência Energética apoiado pela SDC na África do Sul, que financia o projeto. Foi implementado por um consórcio de Swisscontact (Swiss Foundation for Technical Co-operation) e Skat (Swiss Resource Centre and Consultancies for Development) com a participação ativa de peritos da Índia e Nepal.
A tecnologia VSBK teve origem na China rural. A versão original de um Vertical chinês Shaft Brick Kiln foi adaptada a partir do carregamento tradicional forno intermitente no início 1970. Através do apoio da SDC, a tecnologia desde então tem sido adaptada e melhorada no Nepal, Paquistão, Afeganistão, Índia e Vietnã. Em setembro de 2011, a primeira planta piloto com a tecnologia VSBK na África do Sul foi inaugurada no Bricks Langkloof, na Baía de Jeffrey, no Cabo Oriental.
Funcionamento:
O forno compreende um eixo vertical. Os tijolos são carregados no topo do eixo e removidos na parte inferior, em um processo contínuo. O eixo de disparo é bem isolado em todos os quatro lados para minimizar a perda de calor. Os gases de escape quentes são utilizados para o pré-aquecimento gradual dos tijolos crus na parte superior, reduzindo assim o consumo de energia e as emissões de CO2 em até 50% em comparação com os fornos de aperto mais comumente usados. A mudança para a tecnologia VSBK significa uma mudança importante nas condições de trabalho: em vez de turnos diários, uma operação de 24 horas é introduzida e as competências dos trabalhadores são aperfeiçoadas.
Benefícios sociais:
- Melhoria das condições ambientais, de saúde e de segurança;
- Desenvolvimento de habilidades;
- Criação de empregos;
- Benefícios à saúde dos trabalhadores, devido a diminuição de emissão de gases;
- Menores riscos de queda em altura ou de colapso pilhas de tijolos;
- Capacitação dos operários, visto que o uso adequado do VSBK requer um treinamento específico;
- Criação de empregos para mulheres, visto que o método exige menos esforço físico.
Benefícios ambientais:
- Facilidade na mensuração de emissões de gases;
- Emissões de gases do efeito estufa abaixo dos novos padrões de qualidade do ar da América do Sul;
- Redução esperada de 84.000 toneladas de CO2 por ano.
Benefícios econômicos:
- Economia de energia do carvão de aproximadamente 50%;
- Menor incidência de defeitos na produção, diminuindo o retrabalho e aumentado a margem de lucro.
Estima-se que, ao longo dos próximos 5 a 10 anos, até 50% das empresas de tijolo irão adotar esta tecnologia na África do Sul. Na primeira fase, o objetivo é aumentar a consciência entre os empresários de tijolo e as autoridades. Isso deve levar ao início da construção de 100 poços VSBK com uma capacidade de produção anual de mais de 180 milhões de tijolos.
O financiamento de projetos inovadores que trazem benefícios econômicos, sociais e ambientais é muito importante em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Iniciativas como essa viabilizam o aperfeiçoamento de tecnologias já existentes e seriam interessantes no Brasil a partir de parceiras entre o setor público e privado, para possibilitar melhoras na matriz energética.